Você quer ser feliz ou quer ter razão?
Aprendi a fazer essa pergunta para meus clientes quando era advogado: "você quer ser feliz ou quer ter razão?" Fui consultado várias vezes por pessoas dispostas a gastar uma fortuna em causas que tinham, em verdade, lhe custado muito pouco. A motivação era apenas o desaforo sofrido. Por mais incrível que pareça, ter razão e ser feliz são coisas que nem sempre andam juntas. Para nós, gaúchos, especialmente, não é fácil levar desaforo pra casa. O gene peleador está presente em todos nós. Não existe nada de errado nisso, mas temos que aprender a canalizar esta energia para fazer coisas boas e úteis - para nós mesmos e para o mundo -, assim estaremos no caminho do bem.
Sempre que ficamos muito irritados com alguém ou alguma coisa, passamos o controle da nossa vida para outrem. Isso acontece várias vezes por dia, no trânsito, no trabalho, com os familiares, com a companheira ou companheiro, com pais e filhos. É impressionante como perdemos grande parte de nossas vidas simplesmente reagindo aos estímulos externos. Sendo reativos a tudo e a todos ao invés de sermos mais pró-ativos, assumindo a responsabilidade agir e tendo a iniciativa de construir, de ser gentil, de pedir desculpas, de cumprimentar nossos amigos, funcionários, parentes.
Mas há de se perguntar: quem será que tem mais poder, fibra, austeridade, quem responde a tudo, a todos com rispidez, sob o pretexto de ser verdadeiro, ou aquele que se permite não se abalar com os tais e eventuais impropérios? Reflita um pouco sobre como você reage. Como você se sente; como fica transtornado com a falta de respeito que aquele cidadão teve ao fazer um gesto mal educado no transito para você? Será que dar a outra face é um ato de poder ou de subserviência?
Não permita que ninguém além de você mesmo regule ou controle as suas reações emocionais. Saiba que você tem o poder de assumir as rédeas do seu emocional. De verdade! Sempre que nos irritamos demais com alguém - com o mundo, com qualquer coisa - damos ao outro o poder de gerir nossas emoções. Sempre devemos nos posicionar, de maneira enérgica e forte, se preciso for, e jamais confundir ser pacífico com ser passivo.
Você deve estar pensando: "Falar é fácil, mas como é que se faz isso? O que eu devo fazer para não ter vontade da esfolar viva aquela criatura que me desrespeitou?" A resposta não é fácil, admito, mas é simples. Tudo começa com a vontade e o desejo de reagir de forma diferente. Devemos olhar para aquele ser humano em nossa frente, para aquela situação difícil que enfrentamos, sabendo que tudo o que há de bom ou errado é absolutamente passageiro, transitório, assim, não vale a pena ocupar nossas vidas focando no que nos faz mal. Quando se perceber irritado demais, pare, respire profundamente. Caso um leve sorriso não ocorrer naturalmente, tente com mais intensidade. Vá correr, ouvir uma música que você gosta, saia para passear com seu cachorro. Faça mais uma inspiração profunda e lembre-se de que está vivo e que cabe apenas a você a responsabilidade de ser feliz ou infeliz.
Há um sábio hindu da antiguidade chamado Pátañjali que nos ensina o seguinte: “Quando se vivencia a não-agressão, a hostilidade desaparece em nossa presença.” Aja de maneira mais pró-ativa, mais alegre, mais tolerante, mais humana, com coração sincero, e você verá que coisas positivas serão atraídas. O mundo é um espelho. Ele reage às suas ações, sorria e o mundo sorrirá para você. Seja como o Samurai que mesmo ante a um inimigo não perde a elegância, a lucidez e a precisão. Tenho certeza que você vai se impressionar com os resultados.