A estabilidade da consciência
Por Carol Gassen
Hoje, 12 graus em uma Porto Alegre chuvosa, clube vazio. Pulei na piscina, fiz meu treino e saí.
Quando cheguei no vestiário encontrei uma senhora entre seus 60 e poucos anos eu acho, que jogava suas coisas de um lado para o outro (tentando arrumá-las) fazendo barulho. Quando me viu se queixou incansavelmente do frio, deu um longo discurso sobre a água da piscina que deveria estar mais quente, da quantidade de roupas que não gosta de usar, da umidade que escorria pelas paredes e molhava nossos casacos ali estendidos... Então eu sorri e disse: logo, logo chega o verão! E ouvi: tenho horror a calor! Rsrsrsr me deu vontade de ir até ela e dar um abraço afetuoso bem apertado e contê-la por alguns segundos! E no meio de toda aquela loucura, quando percebi ela já estava a caminho da piscina, falando sozinha mesmo.
Fui então tomar meu banho e quando voltei encontrei outra senhora. Acredito que entre seus 80 e muitos anos, uma oriental, com cabelinho de algodão, colocando seu maiô e touca de natação. Um doce, extremamente presente no que estava fazendo, parecia que flutuava, quase não se ouviam seus movimentos. Fiquei meio hipnotizada com aquela cena, na minha cabeça orientais exalam disciplina e lucidez, e aquela simples presença se tornou muito agradável. Quando ela estava pronta, foi caminhando em direção a porta me olhou com um sorriso sereno e amável e disse: tenha um bom dia! Senti até um calorzinho no coração!
Enquanto eu ia embora ainda fiquei olhando para a piscina, e ela lá, concentrada, preparando seus materiais para o treino.
A manhã seguiu, ainda treinei coreografia, cheguei em casa, almocei, organizei as coisas, sentei-me no sofá com o Dedê, fiquei fazendo carinho até ele dormir, abri meu livro e me deparo com a seguinte frase: “O contentamento vem da estabilidade da consciência”. Fechei o livro para assimilar.
Amanhã quero apenas acordar e manter a prática diligente, fazer o que é importante: praticar, me alimentar, trabalhar, me relacionar, treinar, estudar, viver, sorrir, amar... com a mesma consciência, presença, constância, zelo, desprendimento, estabilidade e contentamento que aquela senhorinha de algodão!
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