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A pele do outro

Texto por Paola Martins

Somos seres coletivos existindo em uma época na qual insistimos em vestir máscaras de auto-suficiência acima de tudo e propagar uma individualidade assoberbada.


A sensação de que nos bastamos para todos os fins é enganosa e rasa. Achar que conhecemos o suficiente sobre nós mesmos sem colocarmo-nos à prova diante do outro é como acreditar que absorvemos toda a dimensão de alguma coisa apenas olhando uma fotografia.


Fotografias não nos transmitem cheiro, não nos mostram o tato, não nos trazem os sons. Não é o bastante. É apenas uma terra plana.


Assim é o autoconhecimento sem o outro: dimensionalmente limitado.


Nada substitui a experiência, e precisamos demais experimentar a pele do outro.


Há uma infinidade de coisas que descobrimos sobre nós mesmos ao tocar o outro, das mais ilimitadas formas: uma troca de sorrisos, uma palavra ao pé do ouvido, o olho no olho, um grito, um abraço apertado, um acariciar de cabelos, um testa franzida, um explorar os contornos na ponta dos dedos, um beijo (demorado, apressado, no canto da boca, no alto da testa, ou por aí pelo corpo), uma conversa difícil, com uma troca de confidências, com um descansar de cabeça no ombro, uma briga, um dançar lado a lado, separado ou grudado, segurar as mãos, segurar nos braços, calçar os mesmos sapatos, embriagar no perfume...


Sinta tudo da pele do outro na sua: o bom, o ruim, o belo, o feio, o simples, o complexo, as dores, as alegrias, os medos, os erros, os acertos. Explore todas as nuances. E depois explore de novo. E daí explore um novo outro.


E neste processo, perceba-se: O que o outro te mostra sobre você mesmo? Para cada vez que você se permitir mergulhar, você emergirá diferente.


Nascer e morrer, e morrer e nascer de novo. Todos os dias lapidando e chegando mais perto daquilo o que você é de verdade, simplesmente por ampliar a visão para além da esfera do próprio umbigo.


Pois a pele do outro é sobre corpo, mas é também sobre todas as ideias, todos os sentimentos, todas as vivências ali acumuladas e que podem nos ensinar tanto, inclusive e principalmente sobre você mesmo, caso você se proponha a estar atento a suas próprias percepções diante dele.


Porque é sim tudo sobre você. Mas você não existe sem o outro.


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