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Bháva no Yôga e na vida

Atualizado: 7 de abr.

Por Paula Cordeiro


Lucio Pablo / DeRose Art Compan
Lucio Pablo / DeRose Art Compan

“Antes da filosofia, houve um corpo sentado.

Antes do texto, houve um sopro.

O Yôga não nasceu nas escrituras,

mas no silêncio de alguém

que ousou sentir o universo dentro de si.”

 

Neste mês que se inicia, nossa jornada de exploração passa às raízes do Yôga e à busca pelos alicerces que sustentam sua verdadeira prática. Veremos que antes de tudo, de qualquer teoria ou conhecimento, veio a experiência. A vivência que nasce de nos colocarmos sentados de pernas cruzadas, costas eretas e as mãos uma sobre a outra, em um gesto intuitivo de receptividade e conexão. E a experiência, por definição, é sempre pessoal e intransferível.

 

Já contei anteriormente que, quando pratiquei pela primeira vez, não tinha qualquer conhecimento prévio sobre o que me aguardava. Tive uma experiência completamente sem pré-conceitos, e posso dizer que foi impactante de maneira que não havia palavras que a traduzissem. Eu simplesmente a vivenciei.

 

Entre tantos sentimentos e sensações para os quais eu não possuía palavras, houve um em especial que aprendi a nomear muito tempo depois - curiosamente, em sânscrito.

 

Esta atitude interior me é familiar desde sempre; mas foi através deste idioma da Índia antiga que pude traduzir este sentimento em palavra, que tenho hoje tatuada em meu antebraço, tal é a força de seu significado: bháva.


De acordo com o Tratado de Yôga, bháva significa sentimento, conduta, amor, sentimento profundo que dinamiza a força da técnica: sem este, pújá não é púja, ásana não é ásana. Segundo o próprio Prof. DeRose, sem bháva nada se conquista, não só no Yôga mas na vida.


Cada um experiencia bháva à sua maneira. Para mim, o mais próximo que posso transformar em palavras é uma entrega absoluta ao momento, como se a totalidade do meu corpo, mente e emoções estivessem unidos à ação em curso de forma inexorável.

 

Vivencio bháva no corpo, começando pelo coração e depois expandindo em todas as direções e profundidades. Quando encontra minha mente, bháva a convence de que sou capaz de fazer o que jamais pensei ser possível, conferindo ainda um sentimento profundo de contentamento, de satisfação e de altivez, por mais árdua e desafiadora que seja a situação. Bháva me traz ousadia; afasta a preguiça e a falta de coragem, e confirma um compromisso inabalável com a busca pelo que desejo realizar.

 

Tenho uma teoria (não comprovada) de que todas as grandes conquistas da humanidade foram realizadas por pessoas, homens e mulheres, tomados por uma atitude que os fez desbravar caminhos jamais percorridos e a transformar suas próprias vidas em uma existência de entrega, contribuição e propósito: o bháva atua como um guia que, unido à consciência, nos conduz, como mapa e bússola, ao nosso destino.

 

Você se identifica com este sentimento? Se sim, em quais momentos, e como ele se expressa? Convido-o a refletir por alguns instantes, para que possamos transformar a experiência e direcionar todo o poder, força e energia gerados por esta atitude, naquilo que mais desejamos realizar.

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Muita conexão com o meu momento! :)

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