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Espaços vazios

Por Carol Gassen



Desde que li o livro, em 2010, da Marie Kondo: A Mágica da Arrumação, pelo menos uma vez ao ano faço o que chamo de “detox da casa”, doando e descartando aquilo que não faz mais sentido, limpando e organizando cada cômodo da casa. Como não poderia ser diferente, este processo normalmente culmina em pequenas e grandes transformações externas, mas principalmente internas e muitas, muitas reflexões.


Dreamer, de Elio D’Anna, dizia: “Um dia você compreenderá que não há nada a adicionar, mas muito, muito a eliminar... para poder saber. (...) é preciso esvaziar a mochila para seguir o caminho.”


O excesso nos afasta da nossa essência. E para nos aproximarmos dela, precisamos antes de qualquer coisa, eliminar distrações. Poucas e boas coisas, o que faz sentido para você?


Inicialmente é um pouco incômodo olhar para espaços vazios que ficaram pela casa e dentro dos armários, o primeiro ímpeto é querer preenchê-los instantaneamente com algo. Talvez meu maior aprendizado: dar um tempo, sentar-me no chão da sala e apenas contemplar estes espaços. Assim, fui percebendo que é neles que o movimento acontece, o vento transita sem obstáculos, e aos poucos o “nada” foi se tornando belo, talvez pela sensação de liberdade – uma folha em branco para ser escrita.


Depois de passar um tempo observando o vazio, vim tomar meu café da manhã e lembrei que estou há 12 horas em jejum. Faço este mínimo todos os dias, este é o intervalo recomendado entre sua última refeição do dia e a primeira do dia seguinte, pois é uma forma de “limpar” as células é também a partir deste “espaço vazio” que nosso corpo se regenera. E da mesma forma que na minha casa, não posso preencher somente por preencher, preciso pensar, mas principalmente sentir o que fará sentido para o meu bem-estar e para que meu corpo consiga expressar seu potencial.


O excesso gera caos, é na simplicidade que o movimento acontece de forma harmônica e próspera, na casa, no corpo, na mente e na alma.

 

1 Comment


rogerio.smeira
há 6 dias

Perfeito, Carol! Há anos, faço e experimento o mesmo.

Rogério Meira.

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