Lentes de aumento
Texto por Paola Martins
De perto, ninguém é normal. Este é o ditado.
Até ai tudo bem, né? Via de regra, o "normal" nos soa chato, cinza, monótono... Pouco desejável.
Mas e aquele outro ditado, de que de perto, todos nós temos todas sombras? Já diria Sirius Black:
O lado escuro da lua é o lado escuro de todos.
Todos temos uma parte de nós, maior ou menor, que é mais breu do que todo o resto.
Às vezes precisamos colocar lentes de aumento nesta parte. Toda a mudança de verdade precisa começar da pele pra dentro, para, só depois disto, irradiar mundo afora.
Se não fazemos o exercício de enxergar a nós mesmos através de uma lupa, deixamos de ver aquilo o que realmente somos.
Quem só enxerga uma face, do que quer que seja, só vê metade da verdade.
E não relativize: a verdade, embora um questão de ótica (interpretação), na frieza do fatos é uma só.
E o que não vemos, o que deixamos esquecido em gavetas em prateleiras em algum lugar do nosso peito, acaba por nos dominar.
De perto, todos temos um pouco de tudo.
É daí que começa o crepúsculo dos ídolos, das ideais inalcançáveis e de tudo aquilo que colocamos em um pedestal ou trazemos na cabeça como verdades incontestáveis: ao aceitarmos que há muito mais de humanidade em cada um de nós do que necessariamente gostaríamos de admitir, que ser humano é ser falível, e que todos nós temos um lado b (e às vezes um lado c, um lado de d... muitos deles inacessíveis até mesmo para nós).
Ninguém é livre de falhas (seja lá o que sejam as "falhas"). Todos vamos decepcionar alguém, ou mesmo - e até pior - a nos mesmos.
O autoestudo e o autodesenvolvimento passa por lapidarmos esta pedra bruta que somos, até chegarmos num núcleo mais ou menos parecido com o que seria um diamante.
Pegue suas lentes de aumento e deposite-as sobre si mesmo.
E ai me responda se gosta de tudo - absolutamente tudo - o que está enxergando?
Não?
Ótimo.
Vamos começar por ai a mudar o mundo.
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