Não-possessividade e disciplicência
Texto por Paola Martins
Confundimos a possessividade com muitas coisas ao longo da vida: com zelo, cuidados, afeto, carinho, e, até mesmo, amor…
Em termos de relacionamentos humanos, é com um se ouvir dizer que “sem ciúme não há amor”. É cada vez mais claro que esta afirmação é uma enorme falácia.
O ciúme, a possessividade, não passam da projeção do nosso ego sobre o outro.
Mas como podemos nos desvencilhar desse gatilho social tão usual?
Primeiramente, precisamos entender que a prática consciente e diligente da não-possessividade de forma alguma se confunde com a displicência, com a falta de zelo, de cuidado, de amor…
Aliás, a não-possessividade sequer se confunde com esse desapego desmedido que se tem pregado a torto e a direito por ai, que faz com que se multipliquem relações afetivas cada vez mais rasas, e não mais livres.
Ser possessivo consiste em ter uma predisposição ao controle, à dominação. E, a bem da verdade, tudo o que tentamos controlar implode.
Porque sequer somos capazes de controlar a nós mesmos, quem dirá controlar elementos externos. É apenas perda de tempo e fórmula para mágoas que não precisariam existir.
O Prof. DeRose nos ensina que:
“Muitos dos que se “desapegam” estão apegados ao desejo de desapegar-se. O verdadeiro desapego é aquele que renuncia à posse dos entes queridos, tais como familiares, amigos e, principalmente, cônjuges. Os ciúmes e a inveja são manifestações censuráveis do desejo de posse de pessoas e de objetos ou realizações pertinentes a outros”.
Somos libertários de fato, ou apenas gostamos de gargantear que o somos? Porque falar é sempre muito mais simples do que agir. E a verdadeira liberdade, do outro ou própria, pode ser incrivelmente assustadora.
Por isso nos apegamos a ideia de posse: pois nos dá uma falsa sensação de controle, e não estamos preparados para encarar a realidade de que o controle (do que quer que seja) é puramente ilusório.
Mesmo nossas tentativas de nos libertar e libertar os outros a nossa volta da possessividade que exercitamos acabam sendo falidas: saímos pela culatra da displicência, pois não sabemos amor sem possuir, cuidar sem ter controle, demonstrar afeto e carinho sem título de dono.
Somos analfabetos quanto à verdadeira liberdade. Não nos libertamos e não libertamos o outro, porque sequer enxergamos onde estão os grilhões que nos prendem a estas ideias quebradas.
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