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O problema é você

Por Paola Martins




Acho incrível pensar que todos nós queremos conquistar o mundo, mas não somos competentes sequer para conquistar as menores das coisas, como praticar civilidade, cordialidade e gentileza, nem que seja com estranhos.


Por que com estranhos?


Pois, por mais incrível que pareça, temos muito mais facilidade de sermos civilizados e agradáveis com pessoas que não conhecemos – nem nunca conheceremos – do que com aqueles que dividem a vida conosco.


E, ainda assim, falhamos, todos os dias.


Nos sorrisos que não damos, nos bom-dias que deixamos por dizer, na porta do elevador que não seguramos para o vizinho que vem chegando no prédio com suas sacolas de mercado, nas palavras ríspidas que dirigimos aos nossos liderados quando estamos em dias de pouca paciência.


Falhamos.


E sabe o que é pior?


Muitos de nós sequer tem consciência de que falham. Não há nada mais perigoso do que aqueles que transitam pelo mundo cheios de razão, enquanto fazem tudo errado, plenamente convencidos – em auto ilusão – que estão acertando todas as bolas.


Se você entra em conflitos frequentemente, se a sua vida é cheia de dramas, se a maioria das pessoas fala mal de você, se você sente que não pode confiar em ninguém, que todos estão contra você, é possível que o problema, de fato, seja você. Ou então algum transtorno psicológico. Mas ainda, assim, você.


O mundo – e a larga maioria das pessoas – não está neeeeem aí pra você. Quase NADA é sobre você. Você só tem esse protagonismo todo dentro da sua cabeça.


Então, meu caro, não peque nos “pormenores”. Seja gentil, cordial, civilizado. Não desconte em ninguém os fantasmas que você traz consigo.


Gostaria de dividir com vocês uma reflexão antiga, que já li inúmeras vezes, mas que segue muito atual, de autoria do Professor DeRose:


"O que vem a ser “civilidade”? O Dicionário Houaiss nos diz que é “um conjunto de formalidades, de palavras e atos que os cidadãos adotam entre si para demonstrar mútuo respeito e consideração, boas maneiras, cortesia.” Como sinônimo nos oferece a palavra “delicadeza”.


Eu tiraria formalidades e colocaria atitudes, já que a civilidade precisa ser tão legitimamente incorporada que não deve depender de formalidades. Defendo que a civilidade é autêntica quando exercida até com seus amigos íntimos, com seus familiares e com seu parceiro afetivo.


Cordialidade


Cordialidade provém do latim cordis, coração. É algo que fazemos de coração, com afeto, com amor. Expressar cordialidade como um estilo de vida, além de ser uma postura linda perante a vida, perante o mundo, faz bem a nós mesmos. No passado, havia inclusive remédios que eram denominados cordiais, porque faziam bem ao coração.


De fato, você fica com uma sensação de coração mais leve quando manifesta uma atitude bonita, amável, seja lá com quem for. Isso nos demonstra que o maior beneficiado não é o outro que foi alvo da nossa gentileza e sim nós mesmos, em primeiro lugar.


A civilidade abre portas, facilita os trâmites sociais, culturais e até mesmo os burocráticos. Um aluno cordial cativa seus professores que facilitarão sua vida escolar. Um funcionário gentil azeita as relações com clientes, com colegas e com superiores. Um cliente simpático consegue mais boa vontade e, às vezes, até um desconto por parte do vendedor. Um vendedor atencioso vende mais, ganha mais dinheiro. Um morador simpático consegue exceções maravilhosas do porteiro do seu prédio.


A civilidade, a cordialidade são muito fáceis quando o outro já está sendo amável. Mas, e quando o outro está sendo grosseiro e agressivo? Bem, aí é preciso que sua civilidade seja muito autêntica e que você tenha assumido o compromisso perante si próprio de ser cordial em qualquer situação, com qualquer pessoa, haja o que houver."


É possível que, com isso, você já resolva a maior parcela dos seus problemas.


(Isso, é claro, se você quiser de verdade resolvê-los... Tem tanta gente por aí que reclama dos problemas mas tem alergia à ideia de se livrar deles... Mas isso é pauta pra um outro texto inteiro).




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