Respiração e emoção
Texto por Paola Martins
Ninguém consegue impedir o ar de entrar por suas narinas e inflar seus pulmões sem fazer algum esforço para isso. Parar a respiração não é natural, não é biológico, não é intuitivo. A todo o tempo tudo em nosso corpo clama por ar.
Faça o teste: Pare de respirar agora.
Você vai perceber que para parar a respiração, primeiro você precisa trazer a sua atenção ao seu corpo físico, ao seu ato respiratório, e, então, dar o comando da parada da respiração e da retenção com ou sem ar, e, depois, precisa lutar contra todos os seus instintos para não mergulhar em uma inspiração profunda ou uma exalação urgente.
Agora faça um exercício análogo: Pare de sentir agora. Seja lá o que você está sentindo - frustração, paixão, ódio, alegria… Apenas pare.
Você vai perceber que não é possível, sem algum esforço, parar de sentir.
Ninguém consegue impedir o coração (ou a parte do nosso cérebro que é encarregada por isso) de pulsar de amor, de raiva, de medo, de entusiasmo ou de angústia sem se dedicar seriamente a transmutar essa emoção.
Consegue perceber a íntima relação entre respiração e emoção? Sentir e respirar são verbos fisiologicamente e intrinsecamente de ação humana. Se você deixa de sentir ou deixa de respirar, você está morto.
Essa inevitabilidade da busca por ar se traduz na inevitabilidade da ânsia pela emoção. Não conseguimos fugir destas buscas a menos que fujamos da vida em si, mas podemos fazer com que estas ânsias não nos controlem.
Podemos transcender aos automatismos que nos governam, se quisermos o suficiente e nos dedicarmos com afinco.
E a primeira etapa desta jornada, que é, acima de tudo, sobre expansão da consciência, consiste em possuirmos clareza das nossas emoções e dos ritmos respiratórios correlatos.
Nomear um sentimento pode ser desafiador. Ficamos imersos em um turbilhão de emoções que nos cegam e nos confundem, e não conseguimos ter clareza suficiente para dizer a nós mesmos do que se trata. Essa dor no fundo do estômago, será medo ou apenas gastrite? Esse aperto no peito, é amor, é angústia, ou é infarto? Esse sorriso bobo no rosto, é paixão ou efeito das drogas?
O medo de um nome só faz aumentar o medo da própria coisa (como nos ensinou a Hermione). É essencial atravessarmos essa barreira e darmos às coisas o nome devido.
Uma forma eficaz de identificarmos nossas emoções é justamente através do ritmo respiratório associado.
Quando estamos com medo, com raiva, stressados, angustiados ou sob o efeito de qualquer outra emoção mais pesada (inclusive paixão (risos (mas é verdade))), nossa respiração se torna mais curta, ofegante, arritmada, barulhenta, menos prazerosa, passa a se concentrar quase que exclusivamente na parte alta do peito.
Por outro lado, quando vivemos momentos alegres, tranquilos, relaxados, amorosos, seguros, nossa respiração é muito mais profunda, consciente, prazerosa, silenciosa e acontece de forma completa, usando mais da nossa capacidade pulmonar.
Não acredita em mim? Busque na memória: como estava a sua respiração no dia da sua apresentação do trabalho de conclusão de curso? e naquela entrevista de emprego?
Ruim, né?
E como estava a sua respiração da última vez que você acordou ao lado de uma pessoa que você ama?
Outra coisa, né?
Que tal começar a conscientizar a sua respiração, para tornar-se mais ciente e mais senhor(a/o/x) das suas emoções?
Comece ainda hoje!
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