Vai com medo mesmo
Texto por Paola Martins
Nada substitui a experiência, mas algumas experiências são absolutamente mais apavorantes do que outras, né?
E não me refiro a experiência de andar sozinha nas ruas da cidade deserta numa noite de inverno depois das 21h, que todos sabemos que é de dar medo mesmo.
Estou falando do sentimento que aflora alguns segundos antes de abrir seu coração declarando todo o seu amor pela primeira vez para alguém que você está saindo há poucos meses, antes de comprar uma passagem de avião para viajar sozinho pela primeira vez, de enviar seu currículo para uma super vaga para um novo emprego ou antes de subir em uma montanha russa: é medo, é claro que é medo.
O medo sempre vai aparecer, sem ser convidado, onde menos esperamos.
Quando somos crianças, abraçamos o medo como algo natural: o medo do escuro, o medo de aranhas, o medo de palhaços. Esse sentimento está por todas as partes, e o aceitamos.
Porém, a medida que adentramos na adolescência e na vida adulta, passam a exigir de nós uma coisinha chamada "coragem", que, supostamente, deveria crescer em nosso peito com o tempo e dissipar qualquer resquício de temor que tínhamos.
Será mesmo?
Lembre-se que somos, antes de mais nada, animais que, há pouco tempo dentro da cronologia histórica do universo, tornaram-se cientes.
Antes do despertar da inteligência, não possuíamos nada para nos guiar e nos proteger além do medo assolando nosso estômago: era o sinal de que o penhasco era alto demais, de que algum animal poderia nos esmagar ou de que o fruto era venenoso.
O medo é um sinal involuntário do nosso corpo de que devemos estar alertas a algum perigo, seja ele interno ou externo. E, como todo e qualquer sinal de nosso corpo, não devemos negá-lo, mas sim escutá-lo com atenção.
Sentir-se amedrontado normalmente é um indicador seguro de que você está em vias de colocar os pés para fora de sua zona de conforto, e isto é excelente: Não existe crescimento para os que ficam sempre no mesmo lugar, fazendo as mesmas coisas, mas esperando resultados diferentes.
É claro que dá medo. O importante, na maioria das vezes, é ir com medo mesmo.
Pode dar errado? Claro que sim!
Mas muitas vezes dar errado é o mais certo que algo pode ser para você.
Nada substitui a experiência: não se furte dela sendo dominado por suas próprias emoções.
A Hermione uma vez disse ao Harry e ao Rony que "O medo de um nome só faz aumentar o medo da própria coisa". Sabe porque? Pois tudo aquilo o que negamos, acaba por nos dominar.
Esteja atento, perceba o medo, respire fundo, e, com o tempo de prática, o sublime. Vai com medo mesmo!
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