Versões de nós mesmos
Por Paula Lucchese Cordeiro
As pessoas que nos conhecem há muito tempo às vezes têm dificuldade de acreditar em uma mudança de vida significativa, seja pessoal ou profissional, porque conhecem uma versão nossa que ainda não é capaz dessa conquista.
Então, desconfiam; preferem ficar com o nível de informação atual do que sabem ou imaginam a nosso respeito. O que é compreensível – quantas vezes duvidamos da nossa própria capacidade de superar limites em busca de algo desafiador e importante?
O que talvez ninguém perceba é que, em todo o caminho, existe uma preparação. Um processo que, se estivermos realmente abertos, de forma consciente, está nos transformando na versão de nós mesmos que é capaz, sim, de ir além, de dar um passo rumo ao desconhecido. E de conquistar coisas que nós, aos 15 anos de idade, jamais seríamos capazes de imaginar.
Li esse comentário despretensioso no genial livro Flow, de Csikszentmihalyi:
“A história humana só pode ser compreendida como a ação de pessoas se esforçando para concretizar sonhos vagos.”
Muitas vezes somos movidos não por ideias absolutamente claras de onde queremos chegar, mas por um impulso irrefreável por evolução, transformação, aventura – por uma realidade que só pode ser construída através de uma nova versão de nós mesmos.
Quando somos possuídos por esse desejo, creio firmemente que a vida coloca pessoas à nossa volta que, desconhecendo velhos traços e características que depõem contra nós, acreditam.
Não só acreditam, mas estão dispostas a juntar-se a essa mudança, porque essa mesma transformação também faz parte de uma versão que estão construindo de si próprios. É assim que surgem novas ideias, é assim que sonhos se tornam realidades, e é assim que um grupo de pessoas mobilizado e disposto a ser transformado realiza coisas incríveis.
Que possamos estar atentos para perceber e valorizar as pessoas à nossa volta que atuam como impulsionadores. Inquietos, assim como nós. Um pouco loucos, assim como nós. Que não desistem, assim como nós.
E que possamos ter gentileza e compaixão por aqueles que já viram o pior de nós, mas que seguem próximos, fazendo força e acreditando para serem testemunhas de uma versão cada vez melhor de nós mesmos.
Vem praticar!
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